A transformação do raciocínio apocalíptico

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O que acontece a uma visão de mundo apocalíptica quando o apocalipse esperado não se dá? No Evangelho de Marcos, Jesus diz que alguns de seus discípulos “… de maneira nenhuma passarão pela morte até que vejam ter chegado com poder o reino de Deus.” (Marcos 9, 1). O discípulo indica que o fim de todas as coisas se dará antes “… que não passará esta geração sem que tudo isto aconteça.” (Marcos 13, 30). O próprio Paulo parecia esperar estar entre aqueles “vivos, os que ainda estivermos aqui” até o Senhor descer do céu para seu feroz julgamento. João escreveu em Apocalipse que ouviu Jesus dizer que ele viria “muito em breve”. Os seguidores de Jesus transformaram a sua mensagem?

A esperança apocalíptica pode ser dividida em dois períodos: esta era impura, controlada pelas forças do mal, e a era por vir, na qual o mal será destituído e o povo de Deus reinará soberano. Quando o fim não veio como esperado, alguns dos seguidores de Jesus transformaram esse dualismo temporal em dualismo espacial, entre o mundo abaixo e o mundo acima. Trocaram o dualismo horizontal (porque tudo acontece neste plano, aqui na Terra) da expectativa de vida apocalíptica nesta era, em oposição à vida na era por vir, um dualismo vertical (que passava a falar em vida no mundo inferior em oposição ao dualismo, à vida no mundo acima). Deus vai mudar a ordem de recompensa e punição na era por vir.

Quando isso não aconteceu, quando o mundo não foi transformado, os cristãos começaram a pensar que o julgamento era algo que não se daria na terra. Aconteceria na vida após a morte. O dia do juízo não é algo que acontecerá daqui a pouco. É algo que acontece o tempo todo, na morte.