Confucionismo e os Analectos

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O confucionismo é um sistema ético, filosófico e religioso chinês, fundado por Confúcio (551 a.C.). O confucionismo se tornou uma ideologia 350 anos após a sua morte. Não se atribui ao filósofo e religioso o papel de profeta ou sacerdote, mas um pensador que orientou a vida dos seus seguidores pelo caminho da harmonia. Há duas correntes confucionistas. A Confúcio xunzi recomenda praticar a obediência às virtudes essenciais que devem compor o ser humano: o amor ao próximo, a justiça, o comportar-se adequadamente, conscientizar-se da vontade do céu, cultivar a sabedoria e a sinceridade desinteressadas. A outra corrente associa-se a Mêncius, o segundo sábio do confucionismo, para quem a conduta humana deve ser conforme a própria natureza moral individual.

A visão confuciana básica é a de que o homem, se propriamente educado, conhecerá a bondade e, conhecendo a bondade, irá colocá-la em prática. Confúcio pressupõe que o homem conhece a bondade, porém ele não tem realmente desejo de fazê-lo. Desenvolveu plenamente, na sua época, uma nova percepção moral. Ele abriu o caminho que acabaria gerando a figura clássica do intelectual investido de responsabilidades éticas e de uma missão política. A virtude, segundo o confucionismo, exerce uma ação transformadora; cria seu próprio meio, irradia influência e atrai seguidores. O exercício da atenção afasta o espírito do ego egoísta, dizia Confúcio: “Sempre que realmente concentramos nossa atenção, destruímos o mal que existe em nós”. O confucionismo não possui uma organização clerical formalizada e não há igrejas. Também não há a adoração de divindades, assim como ensinamentos sobre a vida após a morte. As ideias confucionistas são baseadas em três obras: os Analectos, a fonte dos ensinamentos de Confúcio; o I Ching, o livro das alterações do destino; e o Mengzi, o livro de Mêncius. O texto do Analectos consiste em diálogos curtos e foi compilado por duas gerações sucessivas de discípulos, durante setenta e cinco anos depois da morte de Confúcio. Provavelmente, o texto foi concluído por volta de 400 a.C. A China é o país que tem mais adeptos ao confucionismo.

           Muitos consideram o confucionismo um sistema ético e não uma religião, pois Confúcio desenvolveu uma linha de pensamento para os principais fundamentos da vida e para a construção de uma sociedade na qual predominariam os principais de valores morais elevados de cortesia, benevolência, retidão, lealdade e bom caráter. Dois ensinamentos de Confúcio: “Podes fazer as pessoas seguirem o Caminho, não podes fazer com que os compreendam”, e “O amor pela humanidade sem o amor pela aprendizagem degenera em tolice.”

Elias Canetti em seu artigo “Confúcio e suas conversações” – A consciência do mundo, 1979 – foi quem, na minha opinião, fez a mais clara análise sobre como Confúcio via a morte, por isso, menciono aqui: “Não conheço nenhum sábio que tenha levado a morte tão a sério como Confúcio. Ele se recusa a responder a qualquer pergunta sobre a morte. – ‘Se ainda não conhecemos a vida, como poderíamos conhecer a morte?’ – Qualquer resposta escamoteia a morte, quanto à sua incompreensibilidade. Se existe algo depois como havia algo antes, então a morte perde um pouco do seu peso. Confúcio não diz que não há nada depois, ele não tem como saber. Todo o valor está colocado na própria vida. As duas, vida e morte, não são comparáveis, elas não se misturam, elas são distintas.”