Cristianismo

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O cristianismo é uma religião monoteísta (como o judaísmo e o islamismo) que permeia a história e a filosofia há dois mil anos, centrada na vida e nos ensinamentos de Jesus de Nazaré, como são apresentados no Novo Testamento. Os cristãos creem que o Céu e Terra foram criações de Deus. O valor do indivíduo é de suma importância (visão humanista do cristianismo), já que o homem é resultado principal da vontade e do poder de Deus, e foi criado à sua imagem. O cristianismo enfatiza o livre-arbítrio do homem; ele é responsável por suas ações. Tudo o que a fé cristã pode dizer a respeito de Deus são variações em torno de que Ele é amor. O cristianismo acredita essencialmente em Jesus como o Cristo, Filho de Deus. A cruz é o seu símbolo mais importante.

As primeiras imagens da cruz descobertas por arqueólogos eram grafites, visto que a arte das catacumbas somente usava símbolos abstratos para representar Cristo. A cruz era um instrumento de tortura odioso, um lembrete da morte e humilhação abjetas. Foi somente na época do Imperador Constantino, o Grande (aproximadamente em 310 d.C.), que ela começou a ser exposta como um símbolo triunfante da vitória sobre o mal; e ainda assim, foram precisos outros mil anos antes que os artistas medievais ousassem representar Cristo morto pregado na cruz. Os quatro evangelhos dão grande peso aos acontecimentos dos dias imediatamente anteriores e posteriores à morte de Jesus. A compreensão perfeita vem apenas do encontro de fé com Cristo.

Segundo a crença de seus seguidores, Cristo veio para trazer a salvação para o homem. O Novo Testamento explica aspectos importantes do povo de Cristo. Dessa forma, a comunidade ou congregação pode ser comparada como um organismo vivo. Pode-se pensar em Igreja como algo ao mesmo tempo visível e invisível. É uma comunidade espiritual, é a fé da congregação cristã e, nesse sentido, é algo invisível. Mas é também um lugar onde se proclama o evangelho e se administram os sacramentos. No cristianismo existe algo que se opõe ao controle do mundo por Deus e a seu plano para a vida terrena, que é conhecido como pecado. O Novo Testamento usa a palavra grega hamartia para pecado. Esse substantivo deriva de um verbo que pode significar “perder alguma coisa” ou “tomar o caminho errado”. Pode-se, portanto, dizer que o pecado, na crença cristã, designa aquilo que rompe com a intenção de Deus para a vida humana. Essa palavra tem um sentido muito mais amplo do que fazer algo errado. Ser pecador não significa automaticamente levar uma vida imoral. Mas mesmo que o indivíduo não seja um indecente em termos humanos, do ponto de vista de Deus ele é um pecador.

A religião cristã tem três vertentes principais: o Catolicismo Romano, a Ortodoxa Oriental (de Constantinopla, que surgiu da divisão da Igreja Católica Romana em 1054, após o Grande Cisma) e o Protestantismo (começou durante a Reforma de Martinho Lutero, em 1517). O Protestantismo é dividido em grupos menores chamados de denominações. Surgiram, assim, novas Igrejas, destacando diferentes aspectos do evangelho cristão: os luteranos, os batistas, os metodistas, os presbiterianos e outras. O cristianismo tem, hoje, aproximadamente 2,2 bilhões de adeptos no mundo.

 

A morte no cristianismo

A morte cristã tem um sentido positivo graças a Jesus Cristo. “Para mim, a vida é Cristo, e morrer é lucro” (Filipenses 1, 21). “Fiel é esta palavra: se com Ele morremos, com Ele viveremos” (2 Timóteo 1, 11).

A novidade essencial da morte cristã está no batismo; o cristão já está sacramentalmente “morto com Jesus Cristo”, para viver uma vida nova. A visão cristã da morte é expressa de forma privilegiada na liturgia da Igreja: “Senhor, para os que creem em vós, a vida não é tirada, mas transformada. E, desfeito nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo imperecível”. A morte é o fim da peregrinação terrestre do homem, do tempo de graça e de misericórdia que Deus oferece para realizar a vida na Terra segundo o projeto divino, e para decidir o destino último. Quando tiver terminado o único curso de nossa vida, não se voltará mais a outras vidas terrestres. O espírito (alma), na morte, vai para o céu ou para o inferno. Para os católicos, ainda há o purgatório.

A Bíblia é o conjunto de crenças e doutrinas estabelecidas pelas escrituras hebraico-cristãs, que tem a imortalidade como natural aos seres humanos e a apresenta como esperança certa para os obedientes a Deus. Crê-se que os seres humanos são dotados de uma alma imortal, que sobrevive à morte física e permanece viva num domínio espiritual. A vida eterna não é associada a uma alma eterna. Menciona-se a “ressurreição do corpo”, ou, em outras palavras, a reconstituição da pessoa inteira. O cristianismo fala num corpo espiritual, porém isso serve para enfatizar a ideia de que o homem, após a ressurreição, não se tornará um espírito indefinido. Através de toda a história do cristianismo, a salvação foi interpretada como salvação da nossa mortalidade.

 

O sofrimento humano e a tradição cristã

A explicação para o sofrimento humano foi a maneira que Deus encontrou de dotar os humanos de livre-arbítrio. Se não houvesse mal, os humanos não poderiam escolher entre o bem e o mal; por conseguinte, não haveria livre-arbítrio. Isso, no entanto, é uma resposta pouco intuitiva que imediatamente levanta uma série de novas perguntas. O livre-arbítrio permite que os humanos escolham o mal? A visão clássica dos profetas da Bíblia hebraica é que há sofrimento porque o povo de Deus violou sua lei ou agiu contra sua vontade, e Deus o está fazendo sofrer para obrigá-lo a voltar para Ele e levar uma vida justa? Os profetas nunca afirmam o sofrimento do povo judeu como um princípio universal. As leis violadas, que tinham como objetivo preservar o bem-estar da sociedade, e que Deus fosse venerado e servido (o atendimento aos desejos de Deus produziria favor divino, enquanto a desobediência levaria a dificuldades). Os autores dos livros sapienciais também estavam convencidos de que o sofrimento vem de Deus como uma punição pelos pecados.

Há dois modos pelos quais a Bíblia explica o sofrimento: algumas vezes o sofrimento vem de Deus como punição pelo pecado; e algumas vezes vem dos seres humanos como consequência do pecado. Para alguns autores bíblicos, certas vezes o sofrimento é positivo. Deus, às vezes, faz o bem a partir do mal, um bem que não seria possível se o mal não existisse.

             A ideia de que o sofrimento humano pode servir a propósitos divinos é apresentada no conjunto de histórias da Bíblia hebraica, que envolve o êxodo dos filhos de Israel fugindo da escravidão do Egito sob Moisés. Em algumas palavras das Escrituras o sofrimento é vivenciado de modo que Deus possa ser glorificado por ele. Em outras passagens, o sofrimento tem outras razões, e Deus consegue extrair o bem dele. O discípulo Paulo achava que só com sofrimento podia-se chegar a ser um verdadeiro apóstolo de Jesus. Assim, em vez de se queixar do sofrimento, Paulo exultava nele. O sofrimento podia fortalecer o caráter (Romanos 5, 3-5). Sentia que Deus criava o sofrimento para induzir humildade (2 Coríntios 12, 7-10). É a mensagem central da Bíblia: não é simplesmente apesar do sofrimento, mas por intermédio do sofrimento que Deus manifesta seu poder de salvação.

              Diferentes autores bíblicos têm diversas explicações para toda a dor e todo o sofrimento: alguns acham que a dor e o sofrimento algumas vezes vêm de Deus pela punição devido ao pecado (os profetas); outros pensam que a infelicidade é criada pelos seres humanos para agredir e oprimir outros (novamente os profetas); uns creem que Deus produz sofrimento para atingir seu objetivo redentor (as histórias de José e de Jesus); outros veem a dor e a infelicidade como um teste de Deus para verificar se seu povo permanecerá fiel a Ele mesmo quando não vale a pena (a história de Jó); e há os que dizem que simplesmente não se tem como saber por que há sofrimento no mundo (a poesia de Jó), ou porque é uma informação fora do alcance da racionalidade humana (Eclesiastes). Tudo o que se tem a fazer para se livrar do câncer, da pobreza, da guerra ou de outras coisas terríveis é se permitir dizer que não há tais coisas? Não penso que se possa estabelecer que não pode haver casos em que algum mal seja logicamente necessário para um bem maior. Qualquer versão do argumento do mal defende haver um fato quanto ao mal no mundo que impede logicamente a existência de Deus, entendido como um ser onipotente, onisciente e moralmente perfeito. Todavia, as versões do argumento, com frequência, diferem bastante e de forma significativa em relação a saber qual é o fato relevante. Nunca se compreenderá a verdadeira razão das doenças, da seca ou do terremoto se seus dogmas não forem levados em consideração.