O homem gosta de ver sangue, mas que não seja o seu

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A mídia ocidental não para de comentar sobre o covid-19. Jornais, televisões, a internet, todos somente falam sobre o vírus. Mortos, número de doentes, economia implodindo, médicos e enfermeiros contaminados, hospitais abarrotados de doentes, desemprego, desespero … em solidariedade, fala-se algumas poucas vezes.

No último dia 17 de abril, o governo chinês atualizou em mais de 40% o número de mortos pelo covid-19 em Wuhan, cidade onde teve início o foco. Haviam sido anunciadas 3.342 mortes na cidade e agora foram acrescentadas outras 1.290.

A Organização Mundial da Saúde anunciou, no mesmo dia, 135.000 mortes em todo o mundo devido ao vírus.

Segundo dados da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, na sexta-feira, 17, o número de mortos pelo vírus havia chegado a 153.822.

China, Itália, França, Inglaterra, Espanha e, por último, os Estados Unidos foram os países mais atingidos. As maiores potências mundiais, excluídas aí a Alemanha e Rússia, estão entre as que mais mortes tiveram.

A mídia não noticia mais sequer uma linha sobre a matança, por exemplo, na Síria, que desde 2011 aniquilou mais de 380.000 pessoas, destes 116.000 civis e 22.000 crianças. Os telejornais também não divulgam o número de crianças e adultos que morrem diariamente em países pobres, principalmente na África, por doenças causadas pela falta de água potável. Não comentam sobre a malária que matou no mundo, no ano de 2017, 435.000 pessoas (e em 2019, e ontem?). Você não conhecia esse número, certamente.

Os jornalistas e editores dos meios de comunicação de nosso tempo me lembram os sacerdotes medievais, que recebiam os animais em sacrifício, cortavam-lhes a garganta deixando o sangue escorrer, que se misturava à terra enchendo o lugar de mosquitos e mau cheiro. Não há boas notícias. E por quê? Nós, humanos, gostamos do pior, desde que seja com o outro. Somos a única espécie que mata por poder e por prazer. Gostamos disso. Os romanos eram fascinados. Lotavam as arenas, gritavam e torciam enquanto assistiam animais ou gladiadores matando homens. Modernizamo-nos, mas não continuamos iguais?

 

O que o homem médio conhece sobre a economia

A soma total de moedas e cédulas no mundo é de menos de 6 trilhões de dólares. A soma de todo o dinheiro do planeta é de cerca de 60 trilhões de dólares. Mais de 90% de todo o dinheiro, mais de 50 trilhões de dólares, existem apenas em servidores de computador, segundo Yuval Harari, em seu livro Homo sapiens.

A China anunciou, nesta semana, que o seu PIB (de 6,13 trilhões de dólares em 2018) recuou mais de 6% no primeiro trimestre, o que não acontecia há mais de quatro décadas. Imaginem 1 bilhão de chineses querendo consumir o que consome a classe média norte-americana. Seriam necessários sete planetas Terra. Como permitir que haja tal compensação?

Os EUA anunciaram gastos de mais de US$ 9 bilhões nos últimos três meses para minimizar os efeitos da crise. E a Itália? A França? A Inglaterra? Quanto gastaram?

No Brasil, até agora, foram mais de R$ 230 bilhões anunciados (somos pobres), o equivalente a cerca de 3% do PIB. Os cofres estão abertos, e com o mínimo de controle. Em nome do coronavírus, em nome da “guerra” instalada. Alguém sabe dizer o quanto será gasto ao final da tragédia? Quem pagará essa conta? Nós, é claro. Nossos filhos e netos.

O mundo precisa “girar”. E é agora. Uma ordem imaginada está sempre sob ameaça de colapso. Penso que alguém está muito interessado em salvaguardar essa ordem (observem a recente história, o descrédito na democracia, a mácula nas atuais instituições, as lideranças se contradizendo a todo instante; quantos interesses que desconhecemos), e para isso, foram lançados esforços árduos e necessários. Alguns desses esforços assumem a forma de terror e desinformação.