Os símbolos e o que representam

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A imagem é o reflexo do mundo produzido pela nossa mente e em nossa mente. Os indivíduos e a sociedade atribuem graus de valoração às coisas que os rodeiam: anéis, o sol, um lago, artefatos, o fogo; e depois do plano inicial passa-se a um estágio posterior, ou seja, o imaterial, o simbólico, configurando assim a camada suprassensível carregada de subjetividade.

Quando as primeiras ferramentas foram cunhadas à base de pedra e madeira, o homem passou a atribuir valor simbólico a entes antes pertencentes apenas ao meio como mero componente disperso. Essa passagem do inanimado para o subjetivo, e posteriormente o conhecimento cultural, é a base para a proliferação das representações simbólicas. A partir do momento que as coisas passam a ser tratadas como signos e símbolos, o mundo como um todo se torna um aglomerado de significâncias concretas e abstratas. O signo cresce, expande-se e subdivide-se, alcança amplitudes e patamares antes inimagináveis aos seus próprios criadores, tornando-se lendas e mitos, fonte de medo ou coragem, fomentadores racionais do desenvolvimento técnico e psíquico, por vezes dando origem ao irreal: os simulacros ou ilusões. Nessa incessante e incansável criação e renovação simbólica, concreta e abstrata, territorial e histórica, é que o ser humano se constitui como tal.

O ser pensante vê, reflete, interpreta e nomeia. O sujeito cria a sua representação do mundo ao redor, uma verdadeira imagem de sua externalidade de acordo com características históricas dele próprio. Ao objeto – aqui entendido como tudo o que está para si – propicia as condições necessárias para a formação das ideias, ou seja, esse amontoado representacional constituído por elementos imagéticos dos mais diversos. A ideia seria então a própria abstração do mundo, e daí a possibilidade de se distinguir a ideação daquilo que realmente é. O real é a interpretação que os homens atribuem à realidade, e existe a partir das ideias, dos signos e dos símbolos que são atribuídos ao que é percebido. As ideias são representações mentais das coisas concretas e abstratas. Essas representações nem sempre são símbolos, pois como as imagens podem ser apenas sinais ou signos de referência, as representações aparecem referindo-se aos dados concretos da realidade percebida.

Apesar de toda essa rede de ideias ou imagens que compõem o todo representacional do sujeito perante o meio que o circunda, há um processo cultural e histórico que ultrapassa a mera reapresentação do real pelo ser humano. A esse processo dá-se uma genérica nomenclatura de simbolização que é, por assim dizer, nada mais do que agregar e valorar subjetivamente um ente. Carl Jung explana que os símbolos possuem uma carga de significado inconsciente – concernente à ordem pulsante dos desejos representativos das afeiçoes e aversões ao meio e aos outros –, e que essa carga de significação está muito além de um contato imediato e primário com o que se está considerando na categoria simbólica.

De acordo com Jung, uma palavra ou uma imagem é simbólica quando implica alguma coisa além do seu significado manifesto e imediato.

As imagens não são apenas abstraídas de entes concretos, mas também de situações, ações, fatos históricos, entre outros. Desse modo um ato específico como generosidade, a lembrança fatídica de uma conquista ou até mesmo as lendas, mitos, ritos e histórias fantásticas possuem uma carga simbólica alternada para o sujeito que os ouve, interpreta ou conhece por outros meios.

A semiose é a área linguística ligada mais aos temas relacionados à língua, à comunicação e aos significantes, e aos processos de valoração, ou seja, as maneiras pelas quais uma palavra, ação, objetivo ou situação recebem o status de significância de um símbolo. O centro de todo e qualquer estudo semiótico é a linguagem, seja ela verbal ou não, gerando as formas de manifestação dos signos como força intrínseca de seus significados.

O signo é uma coisa que representa uma outra coisa: seu objeto. Ele só pode funcionar como signo se carregar esse poder de representar, substituir uma outra coisa diferente dele. Ele não é o objeto, apenas está no lugar do objeto. Portanto, ele só pode representar esse objeto de um certo modo e numa certa capacidade. Por exemplo: a palavra casa, o desenho de uma casa, a fotografia de uma casa, a planta baixa de uma casa, a maquete de uma casa, ou mesmo o seu olhar para uma casa, e sequer a ideia que temos de casa, substituem-na.

O signo difere da imagem pelo fato da segunda estar num plano representacional apenas. Ao signo é atribuída toda e qualquer utilização de sobreposição representativa de caráter imaterial e valoração subjetiva que abranja diferentes matrizes de constituição. O signo, por meio de um mesmo significado verbal, pode ter vários significados diferentes, e está atrelado diretamente ao aspecto simbólico.

O significado é o conteúdo em si. A compreensão e entendimento só são possíveis em virtude do processo de abstração realizado por nosso aparelho psíquico. O significado seria, por assim dizer, a apreensão e associação da coisa representada pelo significante, podendo ter significados dos mais diversos. Os signos ou símbolos estão sujeitos ao interpretante, por meio de um código de linguagem específico.

O imaginário simbólico possui suas derivações justamente por estar à mercê de diferentes concepções sociais e culturais, sejam estas individuais ou coletivas. Os símbolos são as imagens criadas a partir da imaginação com base nas interpretações representativas do sujeito em relação a um determinado objeto concreto ou abstrato, dando a esses objetos gradações sígnicas e simbólicas distintas nas mais diferentes escalas e alcances espaciais ou temporais.