Uma síntese de como o budismo chegou ao Japão

Banner Background

O budismo chegou ao Japão a partir da Coreia, em 538. Os xintoístas se esforçaram para impedir que a religião chegasse até a corte, porém pelo clã dos Soga, o budismo foi reconhecido pelo Imperador Yomei (31º imperador do Japão) que o implantou.

Em 588 começou a construção do Hökö-Ji, em Asuka, capital japonesa. A Imperatriz Suiko favoreceu a difusão da nova religião, fazendo do budismo, em aliança com o confucionismo, um princípio de governo.

Em 607, foram edificados os templos Shitenno-Ji e Horyu-ji, em Nara. Iniciaram então o intercâmbio dos monges coreanos e chineses, introduzindo diferentes filosofias e escolas – escolas filosóficas coreanas, Sanron e Jogitsu (ano 625); escola chinesa Kegon (ano 736). Uma epidemia de varíola entre os anos de 735 a 737 levou o Imperador Shomu (45º imperador do Japão) a levantar, no Todai-Ji, uma estátua do Buda Vairocana e mandou que cada província construísse um templo para proteger o povo contra a doença.

Em 754, iniciou a escola Ritsu, que permitiu a ordenação de monges segundo as regras de Vinaya. Nasceu, então, um sincretismo com a escola de Shingon, que passou a construir santuários shintö (xintoístas) autônomos. Quando o Imperador Kammu (50º imperador do Japão) mudou a capital do Japão para Kyoto, em 794, houve uma diminuição da influência do budismo na corte e foram fundadas várias escolas, como o Tendai (budismo tântrico de origem da escola chinesa Tiantai) e o Shingon (Vajrayãna). Houve, também, uma mescla de ascetismo, de shintö (xintoísmo) e do budismo esotérico (Vajrayana), que passou a ser praticado pelos povos das montanhas, os yamabushi.

Em 1185 os clãs guerreiros (os Minamoto – clã dos filhos e netos dos imperadores, não considerados elegíveis para o trono) tomaram o poder, tendo iniciado um governo militar, estabelecendo-se uma nova escola vinda da China, o Zen, que insuflava uma disciplina ética rigorosa, apoiada pelos clãs militares de samurais. O budismo Terra Pura também se desenvolveu. A castidade nos monastérios e o desejo do afrouxamento das regras monásticas, fizeram com que o Vinaya fosse abandonado.

Entre 1222 e 1282 foi criada a primeira escola japonesa, o Nichiren, cujo líder profetizou uma catástrofe com os mongóis (tribos nômades de religiões xamânicas, entraram em contato com o budismo quando Gengis Khan, entre os anos de 1155 e 1227, unificou as tribos e iniciou a conquista da Ásia) caso não adotassem seus princípios. O Zen tendeu a institucionalizar-se, enquanto o Tendai, o Kegon e as escolas Terra Pura se envolviam com as guerras civis. Houve um forte movimento para a erradicação da escola de Nitiren, diminuindo os seus monastérios e consequente influência política. Foram destruídos os templos jödo-shinshü na região de Mikawa, o Todai-ji de Nara (1567), e foram assassinados muitos religiosos e suas famílias (1571).

A Era de paz de Edo (1603-1868) tem seu início marcado pela ascensão de Tokugawa Ieyasu, três anos após a batalha de Sekigahara, em 1603, quando estabelece seu xogunato na então cidade de Edo, atual Tóquio. Nos 268 anos seguintes, o Japão experimentou um período de relativa paz em que floresceram as artes, a pintura em madeira, a educação, e o desenvolvimento da agricultura e a posterior industrialização do país), os monastérios voltaram lentamente a retornarem, sem nenhum papel político.

Na Era Meiji (período de 45 anos do Imperador Meiji, de 1867 a 1912, quando o Japão conheceu uma acelerada modernização) houve um forte movimento antibudista e os monges foram secularizados, tornando-se sacerdotes laicos. Foi quando os mestres zen Kodo Sawaki e Daiun Harada iniciaram os movimentos budistas laicos como o Zen moderno, como o Reiku-kay, criado em 1925, e surgiu também o Nitiren-shoshu.